CRISE SISTÊMICA DO CAPITALISMO: DA BIOPOLÍTICA À NECROPOLÍTICA
Keywords:
Biopolítica, Necropolítica, Michel Foucault, Achille MbembeAbstract
Resumo: O presente estudo parte-se da análise das teorias de Michel Foucault da biopolítica e do Achille Mbembe da necropolítica, desde suas aplicações práticas e objetivos, com destaque de transição das formulações teóricas no contexto capitalista brasileiro. Segundo Foucault, existe formas de poder estabelecido dentro da sociedade, capaz de produzir corpos dóceis aos modos sociais, tornando-o produtivo para produzir mercadorias, verdadeira fábrica de indivíduos. Neste momento, o objetivo do mercado de trabalho é a promoção da vida, com controles minuciosos sobre o seu corpo. Para o autor, o corpo dócil é o qual pode ser submetido, utilizado, transformado e aperfeiçoado. Essa forma de controle do corpo é possível pelas escolas, quarteis e empresas, que permite a sujeição constante de suas forças e impõe uma relação de docialidade-utilidadade. Sendo assim, pode ser chamado esta sujeição constante do corpo humano de poder disciplinar, cujo papel é a operação da vida, fazê-la viver para que produza mercadorias. Contudo, com a atual crise do capitalismo, notadamente com as transformações técnicas no modo de produção capitalista ocorrida no século XX, o sistema de produção de mercadorias precisa cada vez menos de força de trabalho, sendo que a ação neste momento é a expulsão das massas humanas, jogadas no desemprego estrutural, deixá-las distante dos centros urbanos, para as prisões ou aniquilá-las com as forças policiais. Desse modo, as formas de produção de mercadorias são pelo trabalho morto, consistente na força de trabalho que se traduz na forma de máquinas (aumento da maquinaria). Passa-se agora a tornar os sujeitos dispensáveis, sendo sua mão de obra supérfluos e sobrantes. Neste ponto, reside a indagação da presente pesquisa: o que fazer com esses corpos dispensáveis? Como a política não é mais destinada a promoção da vida para que ela produza mercadoria, qual teoria orienta essa nova forma sistêmica do capitalismo? Essas inquietações foram possíveis responder por meio da análise dessa transição de governamentalibidade sobre o corpo, pois não será mais movimentado o corpo humano para a manutenção de sua vida, mas visto o aumento do poder maquinário o corpo terá outro destino: aniquilação em larga escala desta coletividade supérflua, que se traduz na teoria formulado por Mbembe, necropolítica. Sendo assim, não mais terá uma política destinada a promoção da vida (biopolítica), e sim uma política cujo objetivo é a aniquilação dos corpos considerados descartáveis, pois com as tendenciais tecnológicas do novo mercado já não são mais rentáveis para processo produtivo. Portanto, nota-se que na crítica foucaultiana a política está relacionada com um “trabalho de vista”, porque o que está em jogo é a produção da vida, tornando-os dóceis politicamente e úteis produtivamente, para que assim garantam as riquezas às nações. No contexto da crise sistêmica atual brasileira, a política se converte em “trabalho de morte”, ou seja, a aniquilação em larga escala desta população restante.
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