AZITROMICINA: UMA VISÃO CRÍTICA DE SEU USO PARA O COVID-19

Authors

  • Fernanda Ferreira Dias Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
  • Iris Alvina Guarim Soares Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
  • Laís Santana Gonçalves Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
  • Maria Luzinete Alves Vanzeler Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

Keywords:

COVID-19, Azitromicina, Antibióticos

Abstract

A azitromicina é um antibiótico macrolídeo com emprego farmacoterapêutico no tratamento de infecções bacterianas respiratórias, entéricas e geniturinárias. Sua atividade é predominantemente bacteriostática. Alguns estudos apontaram que, além da atividade antimicrobiana, os macrolídeos apresentam propriedades anti-inflamatórias e antivirais, estando entre os fármacos de ação imunomoduladoras em várias doenças respiratórias. Seus efeitos estão relacionados ao aumento da secreção de citocinas anti-inflamatórias, da atividade dos neutrófilos através da inibição da sua migração para os sítios de inflamação, bem como na inibição da síntese e secreção de citocinas pró-inflamatórias. Ainda podem inibir a degranulação dos leucócitos, reduzir a inflamação eosinofilica, ativar a fagocitose dos macrófagos e aumentar o transporte mucociliar, diminuindo a produção de muco in vivo e in vitro. Durante a pandemia do Covid-19, a azitromicina tem sido alvo de debates e polêmicas, sobretudo quanto hipótese de seu uso associado com a hidroxicloroquina em razão de efeitos antivirais detectados in vitro. Com objetivo de compreender as propriedades fannacológicas da azitromicina, e analisar possíveis motivos de sua utilização no tratamento do Covid-19, foi realizada uma revisão bibliográfica e selecionado um total de trinta artigos encontrados nas bases de dados eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SciELO), US National Library of Medicine (PUBMED), ScienceDirect e Google Acadêmico, compreendidos entre o período de 1997 a 2020. Os dados pesquisados mostram efeitos imunomodulatórios, baixo custo e facilidade de administração, sugerindo uma possível ferramenta para evitar a inflamação crônica do sistema respiratório em consequência à infecção pelo SARS-CoV-2, além de hipóteses de redução da carga viral por meio da associação com a hidroxicloroquina. Pesquisas in vitro sugerem que a ação antiviral está relacionada à alteração do pH intracelular que causa glicosilação dos receptores para SARS-CoV-2. As decisões favoráveis à aceitação terapêutica da azitromicina para o combate do SARS- COV-2 foram baseadas em estudos in vitro, tornando seus resultados questionáveis. Conclui-se que apesar da incontestável ação bacteriostática, a atual associação com a hidroxicloroquina no tratamento da infecção de pelo SARS-Cov-2 ainda carece de estudos.

Published

2023-08-02