v. 7 n. 1 (2021): A RESPONSABILIDADE DA COMUNICAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA
À medida que navegamos pelos desafios impostos pela pandemia global, é inegável reconhecer o impacto significativo que ela teve em todas as esferas de nossas vidas, inclusive na produção científica em comunicação. Desde o início dessa crise sem precedentes, pesquisadores e acadêmicos têm enfrentado uma série de obstáculos que afetam diretamente a maneira como conduzimos e compartilhamos nosso trabalho.
O distanciamento social e as restrições de viagem restringiram a colaboração presencial, limitando as oportunidades de discussão e troca de ideias que são fundamentais para o avanço do conhecimento. As conferências foram canceladas ou transferidas para o formato virtual, eliminando a atmosfera vibrante de debates e networking que costumávamos desfrutar. A falta de acesso a bibliotecas e laboratórios também complicou a pesquisa experimental e o acesso a recursos essenciais.
Além disso, a saúde mental dos pesquisadores foi desafiada como nunca antes. O equilíbrio entre as demandas de trabalho, as responsabilidades familiares e a incerteza do cenário global provou ser uma tarefa árdua para muitos de nós. A ansiedade, o isolamento e o esgotamento se tornaram uma realidade comum em nossa jornada acadêmica, exigindo uma atenção cuidadosa e apoio mútuo.
No entanto, apesar desses desafios, nossos professores e alunos demonstraram uma resiliência extraordinária. A Faculdade Estácio do Pará adaptou-se rapidamente às novas realidades, explorando formas inovadoras de colaboração e comunicação. As Plataformas digitais tornaram-se nossas aliadas, permitindo-nos conectar e compartilhar conhecimentos em tempo real, transcendendo fronteiras geográficas e culturais.
Nesse cenário, editamos a décima segunda edição da Puça – Revista de Comunicação e Cultura na Amazônia que extraordinariamente este ano terá novamente apenas um volume. Os artigos que compõem esta edição abordam temas relacionados as responsabilidades da comunicação, compreendidas por diferentes ângulos do papel da mídia na construção da democracia e cidadania e as perspectivas que determinam ou orientam a criação, a produção, a difusão e o consumo de produtos culturais e comunicativos nesses tempos sombrios de pandemia global.
Os primeiros 4 artigos desenvolvem textos que mergulham nas dinâmicas impostas pela pandemia, estudando questões como desinformação e fake News, infoxicação, comunicação pública do governo estadual nas redes sociais e análise de uma pequena rádio no interior do Estado durante a crise do COVID-19. O cenário político é discutido nos textos seguintes: análise de cobertura jornalística do Fundo Amazônia, a resistência digital sob a vigilância governamental brasileira e um olhar crítico sobre o movimento de Ocupação na Câmara dos vereadores de Abaetetuba – PA. Questões de inclusão e cidadania podem ser lidas nos textos jornalismo colaborativo, campanha de inclusão comunicativa para pessoas que possuem dislexia e o autismo sob uma abordagem enativista da cognição. E para fechar nossa edição em busca por questões de dignidade e representatividade temos dois estudos: o corpo gordo da obra cinematográfica Dumplin’ (2018) e em como ele é retratado na sétima arte.
A pandemia também nos incentivou a refletir sobre a relevância e o propósito de nossa pesquisa. À medida que avançamos em 2021, encorajamos nossa comunidade científica a continuar perseverando, mantendo o espírito de colaboração e empatia que define nossa comunidade científica. Apesar das incertezas que o futuro pode trazer, permanecemos comprometidos com a busca incessante pela verdade e pela inovação, cientes de que juntos somos mais fortes.
Sente-se na sua melhor poltrona caro leitor e boa leitura!