ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS ÓBITOS MATERNOS NO ESTADO DO PIAUÍ: TENDÊNCIAS E DETERMINANTES (2017-2022)
Palavras-chave:
Mortalidade materna, Puerpério, Saúde públicaResumo
INTRODUÇÃO: A mortalidade materna é um indicador de extrema relevância para avaliar a qualidade do sistema de saúde de um país ou região, especialmente no que tange ao cuidado prestado às mulheres durante a gestação, parto e puerpério. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define mortalidade materna como a morte de uma mulher durante a gravidez ou dentro de 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou localização da gravidez, por qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez ou seu manejo, excluindo-se causas acidentais ou incidentais. No Brasil, a mortalidade materna ainda apresenta índices preocupantes, mesmo com os avanços no acesso e na qualidade dos serviços de saúde nas últimas décadas. As causas mais frequentes de óbito materno no Brasil incluem complicações obstétricas diretas, como hemorragias, transtornos hipertensivos, infecções puerperais e abortos inseguros, além de causas indiretas, como doenças preexistentes agravadas pela gestação. O Piauí enfrenta desafios específicos, como a desigualdade no acesso a serviços de saúde, especialmente em áreas rurais, baixa cobertura de atenção pré-natal de qualidade, falta de recursos especializados e falhas no atendimento emergencial obstétrico. Tal ocorrência é considerada um indicador fundamental da qualidade da saúde reprodutiva e do sistema de saúde, pois reflete o acesso adequado a serviços de saúde, o atendimento pré-natal, a assistência ao parto e o tratamento de complicações. OBJETIVO: Comparar o perfil epidemiológico dos casos de óbitos maternos estado do Piauí nos anos de 2017 a 2022. METODOLOGIA: Estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo com dados referentes analisar o perfil clínico - epidemiológico das gestantes vítimas de óbitos maternos no estado do Piauí; caracterizar os óbitos maternos quanto a faixa etária, cor/raça e estado civil, local de ocorrência e o período (gravídico/puerperal) RESULTADOS: O estudo contabilizou um total de 254 óbitos maternos, ocorridos no Piauí, todos provenientes de mulheres residentes, entre os anos de 2017 a 2022, o que correspondeu a uma média de 42 óbitos maternos anuais, número este inferior ao encontrado na série histórica do ano de 2021, quando se registraram 59 óbitos maternos. Com relação à descrição demográfica, notou-se que no período, a faixa etária predominante foi de 20 a 29 anos de idade, com 111 óbitos (43,70%). Também foi possível observar que foram mulheres que se autodeclaravam pardas, com 191 casos (75,20%). O estado civil foi solteiras, com 88 casos (34,65%). Quanto ao local de óbitos foram em hospitais, com 229 notificações (90,16%). Além disso, as mortes com causas diretas são responsáveis 157 óbitos, o que representa (62,85). Houve maiores óbitos maternos durante o puerpério, até 42 dias, com 158 notificações (62,20%). CONCLUSÃO: A análise epidemiológica dos óbitos maternos no estado do Piauí entre 2017 e 2022 revela um cenário preocupante que reflete as dificuldades enfrentadas no sistema de saúde público, sobretudo em relação ao atendimento à saúde materna. Com 254 óbitos registrados no período, o perfil das mulheres que faleceram é composto majoritariamente por jovens entre 20 e 29 anos, autodeclaradas pardas, solteiras e provenientes de áreas com desigualdades sociais e econômicas. Essas características apontam para a necessidade de maior atenção à saúde reprodutiva dessa população, que enfrenta barreiras no acesso a cuidados de qualidade, particularmente durante o pré-natal, parto e puerpério. As causas diretas, como hemorragias, complicações hipertensivas e infecções puerperais, representaram a maioria das mortes, o que indica falhas na detecção precoce e no manejo adequado das complicações obstétricas. Além disso, a elevada mortalidade no período puerperal, ressalta a importância de um acompanhamento mais atento e contínuo após o nascimento, fase que, muitas vezes, é negligenciada pelos serviços de saúde. Outro dado significativo é a predominância de óbitos ocorridos em ambiente hospitalar, que por um lado, demonstra o acesso a instituições de saúde, mas, por outro, levanta questões sobre a qualidade e a efetividade dos cuidados prestados nesses locais. Por fim, a mortalidade materna no Piauí, em grande parte evitável, demanda uma resposta imediata do sistema de saúde, envolvendo tanto melhorias estruturais quanto ações de caráter educativo e preventivo. Sendo assim, investir em capacitação profissional na área da saúde, especialmente para aqueles envolvidos no atendimento materno, é fundamental para garantir a qualidade e segurança dos cuidados prestados às gestantes e puérperas. A atualização contínua de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde contribui para o aprimoramento das práticas clínicas, o que permite a detecção precoce de complicações e a implementação de intervenções eficazes.
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