Olhar interseccional sobre os processos de patologização e medicalização do sofrimento psíquico de trabalhadoras negras: Um relato de experiência
Palabras clave:
Medicalização, Interseccionalidade, NeoliberalismoResumen
As ofensivas neoliberais, fundadas na colonialidade, impõem aos sujeitos relações laborais pautadas no desempenho máximo de si. No entanto, certas identidades são capturadas de modos diferenciados pelo discurso neoliberal. A partir do caso de uma trabalhadora do sistema socioeducativo, o relato de experiência analisa, interseccionalmente, como o neoliberalismo, associado ao racismo/sexismo, individualiza aspectos estruturais, impacta na medicalização do sofrimento de trabalhadoras negras e produz efeitos psicossociais que devem ser considerados para uma atuação qualificada. Os resultados demonstraram a necessidade ético-política de discutir criticamente as manifestações do sofrimento e as formas de adoecimento psíquico de mulheres negras nos contextos laborais a partir de uma mirada interseccional, na consideração dos marcadores sociais e das diferentes categorias de exclusão social que as atravessam.
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