CHAMADA DE NÚMERO TEMÁTICO – 2026
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão, o uso abusivo de substâncias psicoativas, os transtornos bipolares e transtornos do pensamento se encontram entre as principais causas de sofrimento mental grave, gerando incapacidades, com projeção no aumento do número de casos em perspectiva futura.
Os dados corroboram para a necessidade de ampliação dos serviços de assistência aos sujeitos em sofrimento na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), e sinalizam sobre a emergência em refletir acerca da intrínseca relação entre o sofrimento/adoecimento psíquico e as interseccionalidades anuentes às condições e produção social de vida.
É necessário resgatar a concepção de saúde mental como expressão dos determinantes sociais, intercruzada em manifestações de marcadores identitários, além de contemplar seus aspectos biológicos e psicológicos, para romper com o paradigma monopolizador do modelo biomédico e da patologização da vida, que centraliza o olhar sobre a doença e não sobre o sujeito. O contexto social e a subjetividade são pontos analíticos que devem ser contemplados como constitutivos da integralidade, e não complementares.
A saúde mental é coletiva e transversal no modelo de assistência em rede, e envolve uma multiplicidade de áreas de conhecimento e de ações que se caracteriza por seu caráter amplamente interdisciplinar, transdisciplinar, intrasetorial e intersetorial, frente à necessidade de diálogo com diferentes campos atuantes.
Essa conjunção se perfaz nos processos históricos. Os movimentos de Reforma Sanitária e Psiquiátrica começaram a se organizar ainda durante o período da ditadura militar e se intensificaram a partir da articulação social de protagonistas ligados às universidades, aos movimentos populares e aos movimentos de trabalhadores da saúde. O Movimento de Reforma Sanitária se consolidou na VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, que foi decisiva no processo constituinte de formulação e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) na Constituição de 1988. Por sua vez, o Movimento da Reforma Psiquiátrica ensejou mudanças políticas, epistemológicas e práticas na assistência à saúde mental.
No campo normativo, a Reforma Psiquiátrica culminou com a promulgação da Lei nº 10.216 de 2001, e com a criação da Portaria nº 3.088 de 2011, que instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Com isso, estabeleceram-se novos serviços de caráter substitutivo aos manicômios e às instituições asilares, bem como novas tecnologias no cuidado que objetivaram a desinstitucionalização, a reabilitação psicossocial e o cuidado comunitário em território.
Ampliando as discussões, não se pretende apenas tratar o sofrimento psíquico, mas fomentar o bem-estar, estruturar ações de prevenção possíveis no contexto social da população brasileira, e, sobretudo, politizar o sofrimento psíquico, em tempos em que as formas paradigmáticas buscam individualiza-lo cada vez mais. Há aspectos macroestruturais da cultura neoliberal que implicam diretamente na vida dos indivíduos.
Neste volume temático especial, que será publicada em junho de 2026, fazemos um convite para à reflexão entre a saúde mental e sua relação com as condições de trabalho, com as relações interpessoais na comunidade e coletividade, meio ambiente e uso dos meios de comunicação, entre outros modos de vida e construções, que, inevitavelmente, devem ser considerados ao se abordar sobre os agravamentos psíquicos na atualidade.
Créditos: texto produzido pela Profa. Dra. Patrícia Braz (Centro Universitário Estácio Juiz de Fora)
São bem-vindos trabalhos que englobem os seguintes eixos temáticos:
Eixo 1: Política, Modelos de Cuidado e Desafios Institucionais
- Atenção Psicossocial e novas formas de cuidado no contexto da Saúde Mental
- Políticas Públicas de Saúde Mental e Atenção Psicossocial
- Desafios para uma política antimanicomial.
- Desafios da reforma psiquiátrica brasileira
- Política sobre álcool e outras drogas e Redução de danos
- Atenção à Crise em saúde mental
- Instrumentos de avaliação em saúde mental
Eixo 2: Saúde Mental no Contexto Sociocultural, Interseccionalidade e Determinantes
- Determinação social em saúde mental: desigualdades sociais, iniquidades, exclusão social, violências e sofrimento social.
- Atenção psicossocial, interseccionalidades e decolonialidade
- Saúde mental e racialidades
- Saúde mental da população LGBTQIA+
- Saúde mental e violência contra a mulher
- Arte, culturas e tradições como práticas emancipatórias em saúde mental
Eixo 3: Impactos do Mundo Digital e Tecnológico na Saúde Mental
- Impacto das redes sociais, algoritmos, super exposição digital e inteligência artificial no contexto da saúde mental
- Infodemia e Saúde Mental
- Ética moral na era digital
- Subjetividade do mundo digital
- O impacto dos jogos online na saúde mental
Eixo 4: Saúde Mental em Contextos Específicos e Vulnerabilidades
- Pandemia, pós-pandemia e a saúde mental
- Crises climáticas e ambientais e impactos na saúde mental
- O processo de envelhecimento e o cuidado na atenção psicossocial: desafios e possibilidades
- Saúde mental nas infâncias e adolescências
- Saúde Mental e trabalho
- Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) e o gerenciamento de riscos psicossociais
Eixo 5. Saúde Mental de Profissionais Veterinários
- Estresse ocupacional e burnout em médicos veterinários
- Impactos emocionais da eutanásia e do manejo de animais em sofrimento
- Estratégias de prevenção ao suicídio e promoção de bem-estar na profissão
- Benefícios terapêuticos da interação humano-animal (pet therapy)
- Animais de companhia como suporte emocional: evidências e desafios
- Impactos psicológicos da perda de animais para tutores e profissionais
- Formação acadêmica e saúde mental: desafios para estudantes de veterinária
Eixo 6: Saúde Mental e Direito
- Direitos humanos e saúde mental: garantias e desafios na atenção psicossocial
- Judicialização da saúde mental: impactos nas políticas públicas e no cuidado
- Lei Antimanicomial e direitos das pessoas com transtornos mentais
- Saúde mental no ambiente de trabalho: aspectos legais e prevenção de assédio
- Bioética e proteção jurídica em pesquisas envolvendo saúde mental
- Comunicação e estigma: estratégias para reduzir preconceitos sobre transtornos mentais
- Mídias sociais e saúde mental: impactos na subjetividade e no comportamento
- Comunicação terapêutica: práticas para fortalecer vínculo e adesão ao tratamento
- Campanhas de saúde mental: análise crítica e eficácia na promoção do cuidado
- Fake news e saúde mental: riscos e estratégias de enfrentamento
Eixo 8. Saúde Mental e Odontologia
- Ansiedade odontológica: abordagens psicossociais para manejo do medo
- Saúde mental e autocuidado bucal: relação entre depressão e higiene oral
- Interdisciplinaridade no cuidado: integração entre odontologia e psicologia
- Impactos de transtornos alimentares na saúde bucal e mental
- Atendimento humanizado em odontologia: estratégias para pacientes com sofrimento psíquico
Eixo 9. Saúde Mental e Fisioterapia
- Fisioterapia e saúde mental: benefícios da atividade física no tratamento de depressão e ansiedade
- Dor crônica e saúde mental: abordagem integrada fisioterapêutica e psicossocial
- Reabilitação física e impacto emocional: estratégias para adesão ao tratamento
- Fisioterapia respiratória e redução de sintomas ansiosos em pacientes críticos
- Intervenções fisioterapêuticas para melhora da qualidade de vida em transtornos mentais
Prazos importantes:
• Submissão dos manuscritos: 12 de dezembro de 2025 até 26 de abril de 2026
• Publicação prevista: junho de 2026
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Orientações para submissão:
Os manuscritos devem seguir as normas e diretrizes da revista, disponíveis em nosso site: https://estacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/estacaocientifica/about/submissions
No sistema de submissão informe que o estudo está sendo submetido para edição especial “Saúde Mental e Atenção Psicossocial: interfaces com a saúde coletiva e diálogo interdisciplinar". No campo de comentário para o editor informe o eixo temático.
A revista Estação Científica não aceitará submissões que não estejam em conformidade com as normas e diretrizes da revista.
Não serão aceitas submissões enviadas por e-mail. A submissão será somente no sistema da revista.
Avaliação: Os artigos serão avaliados por pares, seguindo o processo de revisão cega por pares (double-blind peer review). Serão considerados os critérios de originalidade, relevância, qualidade metodológica, clareza de redação e contribuição para o tema proposto.
Contato
Para dúvidas e informações adicionais, entre em contato com a equipe editorial pelo e-mail: saudementalrevistaestacaocient@gmail.com
Editores convidados
Profa. Dra. Patrícia Braz
Centro Universitário Estácio Juiz de Fora
Prof. Dr. Alexandre Augusto Macedo Correa
Centro Universitário Estácio Juiz de Fora
Prof. Dra. Elaine Franco dos Santos Araujo
Universidade Federal do Rio de Janeiro

