RESSIGNIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO: UM OLHAR FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL A RESPEITO DO LUTO MATERNO
Palavras-chave:
Morte; Luto materno; Psicologia; Fenomenologia.Resumo
O luto na contemporaneidade por vezes carrega um estigma vergonhoso, patológico e relacionado ao medo. Rodeado de expectativas para superar, esconder, passar por e esquecer, o sujeito enlutado se depara com o conflito entre continuar adaptativo a uma sociedade de produção e a proteção do seu bem-estar ao reviver as memórias do ente querido. O conflito cresce quando visto sob os olhos do luto materno, onde o “dever” de esquecer o filho é o dever de esquecer ser mãe e assim esquecer a sua identidade, a si mesma. Com o objetivo de compreender as especificidades subjetivas do luto materno, este artigo compôs uma perspectiva fenomenológico-existencial de forma a se abrir para o mundo e os relatos de mães enlutadas. Para tal, foi realizada uma revisão de literatura com base em livros, artigos e relatórios oficiais com dados pertinentes, em sua maioria captados das seguintes bases de dados: Scielo, Google Acadêmico e LILACS. A ressignificação se mostrou como ferramenta essencial para a saúde mental de mães em luto, permitindo o reviver de sua existência e de sua relação com o filho. No que tange à prática profissional da/o psicóloga/o, ter um olhar crítico para as formas que mães são reduzidas em seu luto em todos os âmbitos sociais, desde familiares até pessoais, é fundamental para compreender os movimentos de ressignificação e dar luz e liberdade ao ser mãe que se projeta frente à perda.
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