EXERCÍCIOS DO VER E DO ESCREVER:

reflexões e perspectivas para pensar as teorias e o estar em campo

Resumo

Ver e Escrever são atividades fundamentais para a antropologia, mas não são ferramentas de pesquisa exclusivas de sua atuação. São práticas inerentes ao ser humano e a sua vivência em sociedade. Elas pertencem a todo e qualquer conhecimento e traduzem o exercício que cada indivíduo faz ao ler o seu cotidiano e interpretá-lo. Essa percepção se torna evidente se for alterada a maneira como se encara o saber científico. E essa nova postura, diante da complexidade dos fenômenos sociais contemporâneos, pode demonstrar como a sociedade não se permite mais ser observada por apenas algumas formas de pensar (como as ciências acadêmicas). Entretanto, apesar deste entendimento ser mais visível nos dias de hoje, pode-se encontrar pistas dessa percepção ao longo do próprio desenvolvimento histórico de cada saber científico. Neste trabalho, pretende-se partir dessa nova postura para firmar uma perspectiva epistemológica mais interdisciplinar e mais próxima da própria sociedade. E, neste exercício, procura-se identificar pistas de como essa perspectiva já estava presente em narrativas históricas que foram construídas a partir da experiência de campo. A partir dessas evidências reforça-se uma postura política mais ética e de compromisso com a interdisciplinaridade que marca a experiência de campo e que faz do exercício de Ver e de Escrever práticas mais sociais na atividade de apreender o fenômeno social em sua complexidade.