A HEGEMONIA DO CINEMA AMERICANO E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DA CINELÂNDIA
Abstract
Após a proclamação da República, o Rio de Janeiro construiu seu cosmopolitismo mediante a reprodução dos símbolos urbanísticos e culturais da modernidade européia, confirmados na construção do patrimônio material da área da Praça Marechal Floriano. A pesquisa constatou que ao término da Primeira Guerra , entretanto a influência cultural americana passou a exercer uma profunda transformação na paisagem cultural daquele local quando da tentativa de recriação da Broadway e seus cine-teatros pelo empresário Francisco Serrador. O objetivo do artigo foi compreender o fenômeno para visualizar melhor os fatos ocorridos nesta praça, um dos locais mais emblemáticos da cidade. A metodologia combinou pesquisa biográfica, consultas aos jornais, revistas da época e fichamento bibliográfico extenso. A combinação destas fontes permitiu confirmar que a articulação do empreendimento de Serrador foi exercida por forças políticas e econômicas que se cruzaram até que a praça passasse a ser chamada por Cinelândia. Estas relações alteraram o patrimônio material instalado e atualizaram os significados imateriais daquele local. Os resultados da pesquisa revelaram que Serrador lutou por um projeto que ajudasse a levar o público mais para perto de seus cinemas. Quando esteve na Broadway e na California compreendeu que o modelo europeu para o teatro e a ópera estavam sendo substituídos por padrões híbridos como as operetas ou por modelos comerciais como o cinema industrial. Em outras palavras, ao longo de suas observações entre 1922 e 1925, tempo em que morou nos EUA, ele percebeu algumas das instituições e práticas centrais da cultura de consumo norte-americana que ele ajudaria a introduzir no Brasil.